Em Niterói

Prédio que ficou sem decoração de Natal teria rombo de R$ 400 mil

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil

O prédio era conhecido por suas decorações de Natal no jardim há mais de 30 anos
O prédio era conhecido por suas decorações de Natal no jardim há mais de 30 anos |  Foto: Péricles Cutrim
 

A falta de decoração de Natal neste ano no edifício Loire e Rhone, em Icaraí, Niterói, teria um motivo maior por trás: um suposto rombo financeiro de cerca de R$ 400 mil que teria sido deixado pelo antigo administrador e a antiga síndica do prédio. Os responsáveis financeiros que assumiram o condomínio na troca de gestão que apontaram a divergência de valores.

O edifício foi administrado pelo mesmo grupo por 32 anos. Esta gestão, que não está mais responsável pelo condomínio, é que se dedicava na caprichada decoração de Natal na entrada do prédio. O apontado rombo financeiro foi descoberto em 2021, por um conselheiro fiscal que também já deixou o cargo. 

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O ex-conselheiro fiscal diz que descobriu o que seriam os primeiros problemas ao analisar os balancetes do condomínio a partir do mês de abril de 2021. O encarregado, que conversou com o Enfoco, pediu anonimato. Ele foi morar no prédio em 2019 e já deixou o endereço. O caso foi parar na 77ª DP (Icaraí).

"Como conselheiro fiscal, eu teria que analisar as contas e balancetes a partir de abril de 2021, e eles não me foram entregues. Isso me causou preocupação. Pensei que tinha algo errado, e fiz um documento solicitando. Em outubro, eu recebi esse balancete de abril. Percebi inconsistências e pedi esclarecimentos. Nem o administrador, nem a síndica respondiam", declarou o ex-conselheiro.

Segundo o então responsável financeiro, no mês de dezembro de 2021, foram entregues os balancetes de maio até outubro. Neles, de acordo com o conselheiro, também havia problemas. Novamente sem respostas.

Em agosto de 2022, a síndica anterior teria obtido e repassado aos conselheiros fiscais extratos do banco.

"Havia diferenças entre os extratos e os valores que constavam nos balancetes. Verificamos que havia transferências financeiras para a conta pessoal do administrador, para a conta dos filhos e da esposa dele, para pagamento de planos de saúde e outros descontos considerados indevidos. Até mesmo valores de pagamento de encargos sociais para funcionários, que eram encaminhados para a conta pessoal do administrador, e não para os funcionários", denunciou o ex-conselheiro.

Tirada do cargo

A partir daí, uma assembleia extraordinária foi realizada, e, nela, foi eleita uma nova síndica profissional. A anterior foi destituída do cargo. Nesse mesmo evento, ainda segundo o relato do ex-conselheiro e ex-morador, os supostos rombos financeiros foram expostos. A reunião teria acontecido em outubro de 2022.

"No dia 19 de outubro, foi feita uma assembleia extraordinária. A síndica contratada na assembleia só ficou duas semanas e depois saiu por problemas pessoais, foi quando a subsíndica Michele assumiu. Ela não mora aqui, mas tem uma procuração de livres poderes do apartamento da mãe, que é no prédio. Ela foi contratada também pela experiência, já que ela é síndica de um prédio próximo", explicou o denunciante. 

O caso foi registrado na 77ª DP (Icaraí) como apropriação indevida. A Polícia Civil informou que a investigação segue sob sigilo.

O outro lado

A nova síndica foi procurada pelo Enfoco, mas preferiu não comentar o caso. O antigo administrador do prédio e a antiga síndica também  preferiram não prestar esclarecimentos. 

Com relação à falta da tradicional ornamentações de Natal, o antigo conselheiro fiscal afirmou que essa não é uma das preocupações da atual síndica, "por conta dos diversos problemas fiscais" que precisam de solução. O ex-conselheiro ainda afirmou que a síndica destituída disse aos funcionários que a ornamentação tinha "itens pessoais dela e não poderiam ser usados" agora. 

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